Outro dia eu tava balançando na rede, lendo e ouvindo os risos da minha prima conversando com meu avós na sala.
Porque aqui é assim: a porta do meu quarto dá direto na sala e, mesmo com ela fechada, posso ouvir com nitidez o que se passa lá fora.
Eu tinha minha prima num pedestal, e agora ela tá numa fase mais “doidinha”. Mas foi bom “humanificá-la”. Continuo a tendo como exemplo pra muita coisa e fiquei até feliz em saber que eu podia aconselhá-la também, depois que certas coisas aconteceram...
Agora eu a ouço (como sempre ouvi) e ela me ouve. E nós puxamos a orelha uma da outra e puxamos o saco uma da outra muitas vezes também.
Uma vez por semana ela vem e almoça com a gente.
E eu invejo o quanto ela se dá bem com meus avós.
Ou com meu avô, especificamente.
Porque minha avó é daquelas velhinhas legais de histórias infantis, com o cabelo bem branquinho, barriga fofa e cara de boazinha. Daquela que faz doces pros netinhos e dá dez reais de presente pra gente comprar bombom, ainda que já estejamos com mais de 20 anos.
Já meu avô... ele pode até ser engraçado, às vezes... mas não me dou bem com ele.
Ele implica comigo e agora já nem faço mais questão de dirigi-lo um bom dia que seja.
Então minha prima chega aqui, senta com eles e consegue passar horas falando de como eles se conheceram, das viagens de navio da vovó ou do quanto o vovô era "garanhão". São histórias que a gente já sabe de cor. Mas eles se divertem contando...
Então eu imagino que se não morasse com eles, que se aparecesse aqui só de visita, eu conseguiria repetir essas histórias uma vez por semana também e até rir na mesma parte sempre. Sem automatizar o ritual.
Imagino que se eu não morasse aqui, teria um bom relacionamento com meus avós. Assim como minha prima certamente não teria se vivesse com eles.
Mas quando o desgaste do convívio chega a certo ponto, o melhor a ser feito mesmo é ficar na rede balançando e lendo.
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