30.11.09

incompetência

Quando ele me aconselhou a te chamar pra ir buscar uma água comigo, como dica, talvez nesse momento eu devesse tê-lo dito que quando eu o chamei pra buscar minha água era exatamente isso que eu queria: dá-lo uma dica. E ele não entendeu.
O tempo todo eu fico querendo que ele entenda e perceba e me beije. É o que eu quero quando lhe peço minha água. É o que quero quando lhe olho. Quando lhe mando mensagem, quando fico parada do lado dele e até mesmo quando estou em casa, longe.
E ele não percebe, ainda que eu lhe peça um litro d’agua.

Mas ele acha que com você vai funcionar. E eu não vou tentar pra saber.




Palavras antigas, esquecidas pelo computador.
Mas gostei delas.

23.11.09

90

Eu implicava, é verdade. Mas gostava de muita coisa também.
Gostava dos chinelos pesados e da camisa aberta arrastando pela casa.
Do silêncio do almoço, do sono fácil e difícil de perder.
Gostava do humor, da sinceridade, do bom coração. Do prato cheio. Do jeito.
Toda pessoa é singular, mas alguns são bem mais singulares que outros.
E ele misturava a falta de plural com o ímpar, resultando numa figura que nunca vai ter igual.
E de profunda importância.
Não era meu maior apego e nem meu maior zelo, mas faz parte de mim e me fez quem sou também.

13.11.09

momento saudosista no meio da tarde

no chat da turma (oh sempre turma), falando pra ana sobre os tempos da faculdade:


acho que, de saídas, as que mais me marcaram foram churú e circulador.
esporadicamente um trilhos.

se bem que tudo marcou:
a festa de ano novo
as saídas com os meninos
as reuniões na casa de alguém
os sushis depois da aula (quando eu ainda nem gostava e quando comecei a gostar)
as poucas idas ao mamãe
as muitas conversas antes, durante e depois da aula
as cocas divididas
os bombons divididos
esperar a paula chegar...

vou parar, meu olho tá lacrimejando e eu tô no trabalho.

6.11.09

meu primeiro emprego

Foi mais ou menos na noite em que a banda do irmão da amiga tocava. Entre um gole e outro de hi-fi, a outra amiga falou:
- Tô trabalhando em tal escola de idiomas, tão precisando de gente. Não é o melhor emprego do mundo, mas até que é legal.
Então eu fui e, no teste, escrevi o texto em inglês mais cheio de citações de músicas do Travis já feito. E o chefe me achou criativa, e gostou.
Eu me achei esperta e burra ao mesmo tempo, mas tava empregada.
E trabalhar era, na verdade, única e exclusivamente uma diversão.
Essa coisa de se sentir "gente grande" e "importante".
Gostava de cumprir horários, ter responsabilidade extra famlía-escola-cinema-clube-televisão.
Quando eu ganhei meu primeiro salário (um mínimo que, na época, era 350 reais), eu me senti a pessoa mais rica do universo. E me senti no direito de cometer uma extravagância. Fui numa loja Melissa e comprei uma sandália do Pequeno Príncipe que custava 50 reais. O que eu achava um absurdo de se gastar.
Todo final de mês eu ficava assim com esse monte de dinheiro, sem saber nem como empregá-lo.
No final das contas, deve ter ido inteiro pros bombons caseiros da lanchonete do CEUT, pros filmes e saídas, livros, CDs e DVDs - que nem lembro mais quais foram.
Mas a sandália do Pequeno Príncipe até hoje tá aqui.

4.11.09

ontem

Olha, esse tom pastel não é dos meus passos.
Esse barulho não sai da minha voz.
Essas contas não sou eu quem paga - pago outras, mais abrangentes.
Eu fico aqui, de passagem.
E, se tenho que me perder, a volta é realmente dolorida.
São murmúrios, lágrimas, silêncios.
Tem algumas coisas que eu gosto, é verdade.
E você atrapalha todas, sem excessão.
Então vou me calando...