Reprodução do e-mail enviado por Pedro Vaz ao seu chefe, onde descreve a visita que fez à São Paulo, quando foi enviado de Lisboa (juntamente com seus colegas) para redescobrir o Brasil:
Senhor,
Sei que não sou a pessoa mais capacitada para escrever esse e-mail, mas, assim como os outros presentes na viagem, farei uma descrição do lugar que encontramos.
Peço que desconsidere qualquer erro, pois ainda que falte riqueza de vocabulário, sobra boa vontade.
Nosso vôo, como já sabíamos, durou quase dez horas. Mas cerca de duas horas antes de aterrissarmos, já podíamos ver o céu limpo e azul da terra nova.
Quando o avião começou a perder altura para pousar, vimos que chegaríamos numa cidade grande, com muitos prédios, avenidas largas e um fluxo intenso de carros.
Ao chegarmos, avistamos pessoas que andavam de um lado pro outro no aeroporto e aparentavam muita irritação. Eram homens, mulheres, idosos, crianças, todos com um semblante de raiva. Eles gesticulavam e falavam alto com os funcionários do aeroporto, numa situação que nos deixou realmente confusos e acanhados.
Lá fora, o dia apresentava-se quente e ensolarado e ainda estávamos um tanto perdidos, por causa do fuso horário, mas sabíamos que era hora de pegarmos um táxi para irmos ao hotel.
Durante o trajeto confirmamos a visão do lugar que tivemos ainda no avião: muito congestionamento, barulho, poluição, corredores de prédios, pessoas com um ar bastante apressado e também muitos pedintes na rua. Estes últimos, inclusive, nos assustaram um pouco, pois tinham aparência de quem não se alimentava direito há muito tempo e estavam muito sujos. Resolvemos parar e nos aproximamos de alguns deles, mas nenhum sinal de cortesia fizeram. Entretando, um deles fitou o colar do Capitão e começou a fazer gestos em nossa direção... E quando nos espantamos ele já estava correndo para bem longe com o colar nas mãos.
Não nos deixamos intimidar por tal situação, e insistimos no contato:
Mostramos-lhes uma fotografia; fizeram pouco caso dela.
Demos-lhes ali de comer: peixe cozido, confeitos, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxemos-lhes vinho; mal puseram a boca; beberam tudo e ainda quiseram mais.
Um deles viu umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhe dessem. Temendo pelo que já havia acontecido anteriormente, resolvemos entregar logo e seguimos nosso trajeto rumo ao hotel.
No dia seguinte pela manhã, fomos conhecer a cidade e observar o modo de viver das pessoas e suas maneiras. Passamos por um rio que lá corre de leste a oeste, de margens visivelmente alargadas e águas turvas e poluídas, que correm por dentro da região.
Não houve mais fala nem entendimento com os nativos, pois a barbaria deles era tamanha que se não entendia nem ouvia ninguém. Apenas acenávamos-lhes esporadicamente.
E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não entendeu direito ainda o regime democrático que foi adotado por eles mesmos, pois pareceu a todos que nenhum respeito nem adoração têm pela democracia. Eles parecem viver culpando uns aos outros pelas más situações que acontecem entre eles, sem tomar uma iniciativa para que algo de realmente bom lhes aconteça. E bem creio que, se o Senhor tentar persuadi-los, todos serão tornados e convertidos ao seu desejo.
No entanto, esta terra, Senhor, parece-me que está repleta de uma vontade de viver a muito tempo não vista. E entre esses citados acima, que se culpam e não se unem, há também aquelas que levam muito amor consigo e estão dispostas a trabalhar para melhorar o lugar onde vivem. Esse é o melhor fruto que dela se pode tirar e parece-me que irá salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que o Senhor nela deve lançar.
E desta maneira dou conta ao Senhor do que vi nesta terra. E se acabei me alongando, que me perdoe, foi o desejo que tinha de lhe contar tudo.
Espero que continue contando comigo, tanto nesse cargo, como em algum outro que possa lhe auxiliar.
Abraços,
Pedro Vaz.
o.O
hahahahahah
é que a professora de redação publicitária mandou reescrever A Carta de Pero Vaz de Caminha da maneira que cada um quisesse...
a minha deu nisso aí...
=P
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