A moça se arrumou e saiu.
Não que ela quisesse. Não que ela gostasse. Mas talvez ele fosse...
E não que ela goste dele... Ela gosta da maneira como ele gesticula e acha engraçado os pulinhos que ele dá no meio da rua.
Talvez o moço nem a perceba entre as outras pessoas... mas ela o percebeu, num dia em que ele calçava sapatos bonitos e trazia consigo um livro que ela adora.
Nesse dia a moça fitou seus olhos no rapaz e pensou que “engraçado” podia definir o sentimento.
E ela passou a observá-lo, escondidinha...
Cada poema que ele recitava, seja lá para quem fosse, a moça tomava para si. Não a fim de suspirar... na verdade, ela nem sabia o que era isso...
A tal moça não contava tempo, nem sóis passados, nem ao menos luas... mas ela sabia que muito aconteceu desde que o viu pela primeira vez... E ali, parada, olhando para a porta, seu coração até apertava.
Foi então que o moço entrou vestido de branco, como num filme clichê... Os pés agora calçavam chinelos. Não que isso fizesse diferença. E não que ela fosse observadora. Mas ela estava ali para vê-lo. E o viu.
Olhos cruzaram, pessoas ao redor emudeceram, qualquer outro som cessou e restou apenas o barulho dos olhares. Sim, porque eles ecoam dentro de você... como um rufar de corações e um trelar de joelhos batendo.
E não fique triste ao saber que essa história não avançou, pois para a moça isso não é surpresa.
Como quem já espera o desenlace (ou talvez como quem tem medo de mudar o final da história), ela apenas imaginou todas as coisas que poderia dizer ao rapaz.
E nessa noite ele não gesticulou e nem deu pulinhos engraçados.
e quem disse que eu também não posso ser piegas?
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