1.8.07

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fonte: Registro Dissonante
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Das pessoas desnecessárias
Renato Thibes

Neste mundo globalizado onde vivemos hoje em dia, cheio de gente e de aquecimento global, a vida em sociedade nos obriga a conviver com uma vasta gama daquilo que classifico como "pessoas desnecessárias". São aquelas pessoas que passam pela sua vida sem marcar época, sem acrescentar nada, e da mesma forma que chegam vão embora e não fazem a menor falta.

São como aqueles jogadores medíocres que chegam ao seu time, jogam lá dois ou três campeonatos, marcam meia dúzia de gols insignificantes, não ganham nenhum título, vão embora e você só vai lembrar que eles existem quando reencontrá-los em fim de carreira em um time do interior, ou quando o Milton Neves mostrar uma foto do sujeito hoje em dia na seção "que fim levou" do seu site.

É aquele eterno ator coadjuvante cujo nome você nunca se lembra de imediato. É aquela banda cujo disco você ouve uma, no máximo duas vezes, e nem chega a entrar no seu top 50 do last.fm. É aquele ex-participante do Big Brother que aparece pra dar entrevistas nos programas vespertinos de culinária. É aquele ex-namorado da sua prima que nunca conseguiu decorar o seu nome.

É aquele amigo do Orkut que você só adicionou porque, afinal, você o conhece. E só se lembra dele quando o infeliz manda algum spam nos scraps. É aquele ex-colega de trabalho que você adicionou no MSN mas nunca mais trocou uma palavra simplesmente porque não tem assunto (o big brother diria "afinidade") com ele. E às vezes você vê em seu nick algo do tipo "faltam 23 dias", que podem se referir às suas férias ou ao nascimento do seu filho ou ao tempo que lhe resta de vida segundo seu médico, e você pensa: "quem se importa?".

Pessoas desnecessárias são descartáveis e você não faz questão de levá-las pelo resto da vida. Normalmente a recíproca é verdadeira. São raros os casos de amor não correspondido nesse segmento. E mesmo que haja, mesmo que uma pessoa desnecessária insista em ser seu amigão eterno, você não sente nenhum remorso ao partir seu pobre coraçãozinho inútil e deixá-lo falando sozinho no MSN ou com um e-mail sem resposta. Pior do que uma pessoa desnecessária, só uma pessoa desnecessária sem desconfiômetro.

É cruel, definitivamente não é uma atitude cristã de um bom samaritano. Mas o mundo é assim mesmo. Quem é muito amigo de todo mundo só consegue ser padrinho de casamentos (gasta uma fortuna em presentes) e fiador de imóveis (dor de cabeça master). Quer dizer, é fácil ter muitos amigos. Compre uma casa na praia e você vai ver.

Tudo na vida é uma questão de escolhas, e uma das graças dessa nossa jornada mundana é filtrar o que interessa do que não interessa. Cercar-se de gente interessante que te acrescente algo e faça tudo isso valer a pena. Uma versão macro do microuniverso que é escolher os links do seu blog. A vida é curta demais para perdermos tempo com gente nula.





Eu acho esse cara foda. Acho mesmo.

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