Foi mais ou menos na noite em que a banda do irmão da amiga tocava. Entre um gole e outro de hi-fi, a outra amiga falou:
- Tô trabalhando em tal escola de idiomas, tão precisando de gente. Não é o melhor emprego do mundo, mas até que é legal.
Então eu fui e, no teste, escrevi o texto em inglês mais cheio de citações de músicas do Travis já feito. E o chefe me achou criativa, e gostou.
Eu me achei esperta e burra ao mesmo tempo, mas tava empregada.
E trabalhar era, na verdade, única e exclusivamente uma diversão.
Essa coisa de se sentir "gente grande" e "importante".
Gostava de cumprir horários, ter responsabilidade extra famlía-escola-cinema-clube-televisão.
Quando eu ganhei meu primeiro salário (um mínimo que, na época, era 350 reais), eu me senti a pessoa mais rica do universo. E me senti no direito de cometer uma extravagância. Fui numa loja Melissa e comprei uma sandália do Pequeno Príncipe que custava 50 reais. O que eu achava um absurdo de se gastar.
Todo final de mês eu ficava assim com esse monte de dinheiro, sem saber nem como empregá-lo.
No final das contas, deve ter ido inteiro pros bombons caseiros da lanchonete do CEUT, pros filmes e saídas, livros, CDs e DVDs - que nem lembro mais quais foram.
Mas a sandália do Pequeno Príncipe até hoje tá aqui.
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